Bodas de ouro em alto estilo
Bandas nacionais, regionais e locais além de eventos culturais marcam a passagem dos 50 anos de emancipação político-administrativa de Governador Celso Ramos
Há cinquenta anos um acordo realizado na câmara municipal de Biguaçu selou, para sempre, a história de Ganchos, na época um distrito pacato com pequenas vilas de pescadores, mas com reconhecida atividade artesanal pesqueira. Estradas foram abertas, a energia elétrica chegou e o turismo colocou o município no cenário internacional de hotéis, pousadas e belíssimas praias. Para enaltecer tudo isso, a prefeitura conseguiu parceiros para promover uma grande festa para comemorar o progresso e o legado cultural de nossos pais.
Os Ganchos
Emancipado em 1963 com o nome de Ganchos, o município de Governador Celso Ramos é inserido na microrregião de Florianópolis. O nome Governador Celso Ramos surge em 1967, com a instalação das linhas de transmissão de energia elétrica. "Celso Ramos era o governador que possibilitou a vinda da energia", fala Dalmiro Lobo Filho, funcionário público municipal. Embora a mudança na nomenclatura tenha sido realizada, boa parte da população ainda torce o nariz para ideia. "Aqui é os Ganchos", enfatiza dona Maria do Carmo da Silva, 60, moradora de Ganchos.
O nome Ganchos aparece pela vez primeira em 1806, nos apontamentos do navegador John Mawe. A origem do nome pode estar relacionada a quatro origens: a) formato de ganchos das pequenas reentrâncias, e enseadas da região; b) formato de dois grandes ganchos na baía de Tijucas ou dos Tijucais (antiga baía de São Sebastião das Tijucas); c) anzóis em formato de ganchos no antigo Porto de Ganchos, onde se arpoavam baleias até 1850; d) percepção dos antigos pescadores, que ao chegar em Ganchos, da pescaria da Ilha do Arvoredo, enxergavam três grandes ganchos nos morros de Ganchos, sobreposição da sombra e reflexo do sol.
De acordo com o escritor Miguel João Simão, nascido em Canto dos Ganchos, não havia interesse pela emancipação político-administrativa de Ganchos. "O povo sempre lutou por melhores condições de vida. Em Ganchos não havia recursos. A emancipação melhorou tudo". Ainda de acordo com Miguel Simão, a emancipação foi idealizada por seu tio Miguel Pedro dos Santos, o Miguel Flôr, vereador a época, num acordo que selou o destino no município e contou com habilidade política e paciência para convencer os demais vereadores de Biguaçu.
A estrada hoje denominada Rodovia Estadual Francisco Wollinger (SC-410) aberta desde 1920 por moradores dos bairros de Jordão e Canto dos Ganchos permitiu a vinda de automóveis. Raras residências tinham energia elétrica antes de 1967, o casario Wollinger que possuía um engenho de farinha e arroz e um gerador elétrico, pertencente a Francisco Wollinger, e o cata-vento muito bem projetado por Francisco Manoel de Oliveira, o seu Mané Chico, em Canto dos Ganchos.
A festa representa o espírito de quem aqui vive
O gancheiro é festeiro costume que aprendeu com os antepassados. Embora a colonização seja vicentista e cananiense, o povoamento se deu com a presença dos açorianos e madeirenses. Essa mistura alegre de um povo que festeja o boi-de-mamão, o pão-por-deus e o pau-de-fitas, também se sacraliza quando rende graças a Nossa Senhora dos Navegantes e ao Divino Espírito Santo. Aos finais de ano toca-se, ainda, em folguedos o chamado terno-de-reis.
Num momento presente, a festa conta músicas estrangeiras sem perder o enredo das festas mais tradicionais. A semana do município começará no dia 4 e vai até dia 10 de novembro com feira de livro e artes e apresentação de escolas. Haverá, também, shows como um rodeio country e bandas como Forum e Edson e Hudson.