A prevenção ainda é o melhor remédio

Campanha de vacinação contra o HPV deve atingir mais de 290 crianças e conter o crescimento do câncer do colo de útero em Município da Grande Florianópolis.

Em 1937, falar em prevenção a doenças e programa da saúde da família era um desafio para os profissionais de saúde. A Medicina era exercida com conservadorismo e poucos recursos tecnológicos. Ao recusar uma intervenção cirúrgica que seria realizada na Alemanha, a senhora Bazelides Leal Nunes Narcizo Wollinger, faleceu aos 36 anos de idade, em Governador Celso Ramos, vítima de câncer de colo de útero, mesmo após ter feito tratamento por meio de medicações receitadas por médico domiciliar. Casos assim, se repetiam sem que a Medicina pudesse oferecer mais conforto e respostas ao grave problema que pode afetar, em 2014, 16 mil mulheres no Brasil, de acordo com estatísticas do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva, o Inca.

O principal vilão para ocorrência do câncer de colo de útero é o HPV, sigla em inglês para papilomavírus humano. Mas, uma campanha realizada pela Secretaria Municipal de Saúde e Saneamento de Governador Celso Ramos pode ajudar a erradicar o câncer de colo de útero em Governador Celso Ramos, combatendo antes o HPV. A campanha já iniciada nos postos de saúde da rede municipal se estende, também, para as escolas da rede municipal de ensino. A vacina, sem contra-indicações, poderá ser aplicada em meninas de 11 a 13 anos de idade, nascidas entre 01.01.2001 e 31.12.2003. Serão administradas três doses: a primeira em março de 2014; a segunda após seis meses; e a terceira e última após cinco anos da 1ª dose aplicada.

Combater o HPV para eliminar o câncer de colo uterino

Quando os pesquisadores apontaram que, pelo menos 13 tipos de HPV podem causar câncer, com maior risco para infecções, verificaram, também, que dois tipos deles, o 16 e o 18, ocorrem em 70% dos casos de câncer do colo do útero. São, aproximadamente, 291 milhões de mulheres no mundo portadoras do HPV. Desse número, 32% estão infectadas pelos tipos 16 e 18 ou ambos. Segundo o Inca, se o dado acima for comparado com a incidência anual de aproximadamente 500 mil casos de

câncer de colo do útero, pode-se concluir que o câncer é um final raro, mesmo com a infecção pelo HPV. De qualquer forma, é imperativo combater a infecção pelo HPV para controlar o desenvolvimento do câncer de colo de útero.

Para o Secretário Municipal de Saúde e Saneamento de Governador Celso Ramos, Josué Ocker da Silva, a conscientização é que vai permitir uma possibilidade de erradicação do câncer de colo de útero. Josué, ainda verifica que a saúde municipal está preparada para atender a demanda requerida pelo Ministério da Saúde. "Toda nossa equipe está mobilizada para atender as 293 meninas listadas para esta campanha. Uma equipe especializada do Programa Saúde da Família e da Epidemiologia, além de outros funcionários da Saúde Pública vai trabalhar para tirar dúvidas, conscientizar e aplicar a vacina de modo correto", pontua Josué Ocker da Silva.

Pais devem ser os primeiros a apoiar

Após saber, pela propaganda de televisão, que a vacina seria distribuída na rede pública de saúde, a adolescente Elisa Campos, 13, pediu autorização aos pais para tomar a primeira dose. A mãe da adolescente, Lucilia dos Santos Campos, 39, menciona que o medicamento era cobrado por mil reais em clínicas particulares, mas que já havia a intenção da família na aplicação da vacina por entender que a prevenção ainda é o melhor remédio. "Por sorte, a vacina está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). A distribuição gratuita da vacina vai reduzir os casos de HPV e câncer porque poderá atender a qualquer cidadão sem distinção", afirma a mãe de Elisa.

Embora a vacinação não dependa de autorização dos pais, Lucília está entre as mães que acompanham o desenvolvimento educacional e comportamental dos filhos e diz que leu muito sobre o tema antes de tomar a decisão, e ainda menciona que muitas mães não querem que as filhas tomem a vacina por acharem que são muito novas. "O Ministério da Saúde não libera um medicamento sem antes um estudo prévio e rigoroso. Depois, nós temos que entender que é nessa idade, entre 11 e 13 anos, que a prevenção pode realmente funcionar", diz Lucília atenta as mudanças sociais.

No cartaz que o Ministério da Saúde consta a seguinte mensagem: "Senhores pais ou responsáveis: o Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Imunização, amplia o Calendário Nacional de Vacinação com a introdução da vacina quadrivalente contra o papilomavírus humano (HPV) no Sistema Único de Saúde (SUS), para prevenção do câncer do colo do útero.

Os pais ou responsáveis que não autorizarem a vacinação devem encaminhar um termo de recusa, devidamente preenchido e assinado, onde se responsabilizam pela saúde da criança ou da adolescente. Mais informações: (48) 3262 1154 – Secretaria Municipal de Saúde e Saneamento.

Por William Wollinger Brenuvida