ESTUDANTES DE ESCOLA MUNICIPAL DE GOV. CELSO RAMOS PARTICIPAM DE TRILHA ECOLÓGICA EM COMEMORAÇÃO AOS 30 ANOS DA APA DO ANHATOMIRIM

A trilha ecológica foi uma oportunidade para aprender educação ambiental em contato com a natureza. Os pequenos também tiveram aulas de história e preservação ambiental.

 

Caminhada com subidas e descidas, contato com bromélias e árvores nativas, ficar em meio à Mata Atlântica e visitar uma pequena praia em frente à Ilha do Anhatomirim. Normalmente, esse seria um programa de turismo. Em Governador Celso Ramos, essa atividade se transformou em educação ambiental para 16 alunos de uma escola da rede de ensino do município, uma verdadeira aula ao ar livre sobre preservação do patrimônio da natureza e a importância da Área de Proteção Ambiental (APA) do Anhatomirim, que completou 30 anos de existência.

 

A caminhada ecológica aconteceu na Trilha do Chico Galego, que dá acesso à Praia do Porto, no Bairro Caieira do Norte, nesta terça-feira (24/05), e envolveu estudantes de 9 anos do ensino fundamental da Escola Básica Maria Amália Cardoso, localizada no Bairro Fazenda da Armação. A atividade foi organizada pela Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria de Educação e Escola Municipal do Meio Ambiente (EMMA).

 

Kauê Henrique Severo Radtke, 9 anos, que estuda na rede municipal há uma semana, explica que sua família residia no município de Blumenau e se mudou para Governador Celso Ramos faz poucos dias. Para ele esse contato com o mar e com a natureza é algo muito novo e interessante.

 

“É uma aventura caminhar no meio da mata, ver a floresta e as praias, mas é muito triste encontrar lixo. Por isso é importante jogar o lixo no lixo, e não poluir”, disse Kauê Henrique.

 

Durante a trilha, que durou aproximadamente duas horas, os guias e educadores aproveitaram as pausas de descanso para mostrar a Kauê e aos seus colegas as vegetações nativas e explicar a diferença entre elas, plantas exóticas e espécies invasoras.

 

As curtas aulas de biologia foram intercaladas com um pouco da história do local, que no passado era uma estrada no qual carroças puxadas por bois transitavam com mercadorias destinadas à ilha que abriga a Fortaleza de Santa Cruz do Anhatomirim. Essa fortaleza, que começou a ser construída em 1739, formava no século 18 um sistema triangular de defesa projetada pelo Brigadeiro José da Silva Paes e construída por indígenas, africanos e colonos açorianos – a Casa do Comandante, que fica na ilha, foi a primeira sede do Governo da Capitania de Santa Catarina.

 

Os educadores também aproveitaram a ocasião para explicar como foi criada a APA de Anhatomirim e sua importância para a preservação ambiental da fauna e flora local. A área nasceu por meio do decreto Nº 528, de 20 de maio de 1992, com o objetivo de assegurar a proteção de população residente de boto-cinza (Sotalia fluviatilis), a sua área de alimentação e reprodução, partes remanescentes da Floresta Pluvial Atlântica e fontes hídricas importantes para a sobrevivência das comunidades de pescadores artesanais da região.

 

A palavra Anhatomirim vem da língua Tupi-Guarani, com uma leitura Jesuítica. Para o povo Guarani, a palavra tem o sentido de um local sagrado, como um cemitério ou local para plantio. De acordo com a Coordenação Regional do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em Florianópolis, a população atual de boto-cinza (Sotalia fluviatilis) nas águas entre a Ilha de Santa Catarina e Governador Celso Ramos está entre 60 a 70 indivíduos.